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Espelho, EspelhoMeu 

(em processo)

 

      "No atual momento de grande circulação e tradução de idéias e textos, sempre nos  pareceu irônico que os escritos de Anzaldúa - que tanto alimentaram a teorização dos  críticos pós-estruturalistas mais em voga - não tivessem sido traduzidos ao português  com a mesma voracidade com que as casas editoriais traduzem esses mesmos críticos  que, por sua vez, veiculavam em suas formulações epistemológicas as idéias de fronteira  e de hibridismo inicialmente articuladas com tanta criatividade por Anzaldúa. Para a  crítica, os escritos de Anzaldúa representam a elaboração fundacional de uma poética e   política do hibridismo cultural. Quantos/as somos nós que soubemos pela primeira vez de Anzaldúa a partir da tradução do livro de Walter Mignolo Histórias locais/projetos  globais: colonialidade, saberes subalternos e pensamento liminar (Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2003)? No entanto, o livro premiado de Anzaldúa, e o mais (re)conhecido em outras terras - Borderlands/La Frontera - , ainda não apareceu em português, apesar dos  seus 17 anos de existência. Tal silêncio nos faz refletir sobre a geopolítica da tradução e os sistemas de exclusão que, em suas múltiplas interseções com os outros eixos da  diferença - gênero, raça, classe, orientação sexual, etc. -, selecionam os textos que  receberão visto de entrrada e aqueles que permanecerão do outro lado da fronteira dessqualificados. Nós - o feminismo - somos quem mais perdemos com tais barreiras dificultando o diálogo e o aprendizado a partir de outras experiências/saberes.

 (...)

https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/9880

Revista Estudos Feministas, v. 8, n. 1, p. 229-236, 2000.

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