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.to.po.ra.ma.

pequeno relato de viagem
 

entre a Pinacoteca e a Estação da Luz em São Paulo, 2010

Saindo da Pinacoteca, em São Paulo, caminhei uns 150 metros em direção à Estação da Luz. Fiquei nessa linha, durante um instante, entre o dia e a noite.  
Era apenas um passeio quando percebi estar suspensa a poucos passos do meio do caminho, durante o azul virar noite.
Parei e vi na calçada à frente um amontoado de janelas empilhadas, formando uma gaiola.  Elas - as janelas, pouco a pouco ganharam luz própria de múltiplas cores, salientando-se meio despreocupadas. Na medida em que anoitecia, as paredes do prédio escureciam e desapareciam, permitindo pairar pontos de luz. 
Luminosas, as janelas olhavam para baixo indiferentes.
Espantoso, pensei.  Em silêncio: estaria eu presa nas grades da cidade? 
E fui puxada para baixo por um chamado urgente de não tropeçar em ares urbanos lançados 
dos canos pretos desentranhados do subsolo. Ademais, a Estação da Luz que se aproximava não permitia flutuar quem quer que passasse por ali. Despejava notas musicais anárquicas como quem atira convites pelo ar. Assim, compareci ao piano, logo na entrada.
Aterrada, fui à passarela e avistei de cima as teclas pretas e brancas se alongando em trilhos. Por ali, os convidados também iam e vinham. Linhas davam passagem e sobre emaranhados esparsos dançavam vagões 
andarilhos como eu em movimento contínuo. Isso me alegrou por ser próprio dos percursos utópicos. 
Entrei no vagão mais próximo e voltei ao hotel.

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fotografia digital/impressão emcartão postal
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