Em "A Tribo que Nunca Existiu" publicado no livro "O Beijo de Judas. Fotografia e Verdade" - 1997) Joan Fontcuberta fala do grande impacto gerado pela extensa reportagem da Nacional Geographic de agosto de 1972, sobre a descoberta dos "Tasadays, Stone Age Cavemen de Mindanao".
Fontcuberta destaca no texto a comoção produzida na comunidade científica, em meio ao entusiasmo contagiante propagado ao grande público pela mídia sobre a existência de uma pequena comunidade composta por pouco mais de 20 indivíduos que viviam no interior de grutas cercadas pela selva fechada e inacessível em uma ilha do arquipélago das Filipinas, sem nenhum contato com povos vizinhos, sem conhecimento dos metais.
Segundo o autor, as circunstâncias da descoberta incluem cuidadosas medidas governamentais para cumprir a missão de preservar aquela riqueza etnográfica, evitando uma possível avalanche de pesquisadores, de modo que as fotografias e filmagens difundidas sobre os Tasaday tinham total credibilidade.
O texto dá destaque, também, à força da imagem com origem tecnológica, com garantias de objetividade, como ocorre com a fotografia e o cinema. Ambos tendem a vencer preconceitos e reticências por parte do espectador em geral e do espectador desconfiado em particular, diz o autor, segundo o qual, esse princípio, legitimador da evidência nas aparências, fundamenta boa parte da prática da vida cotidiana. Chama atenção, ainda, para a propenção da fotografia em ratificar tal princípio generosamente.
Para quem curte fotografia, sobretudo documental, recomendo a leitura.