As ações que resultaram nesta exposição são inspiradas no estudo da deriva situacionista, e convergiram para um pequeno mergulho no território da cidade. Nesse sentido, “Casa” surge da experimentação da artista, e como resultado de sua observação “psicogeográfica”, enquanto exploradora de um determinado campo do espaço urbano.
Durante o percurso sobre as ruínas de uma casa, ao surgirem pistas de um possível habitante, a caminhante foi trasladada a um território além dos despojos e do aniquilamento do lugar. As camadas representativas da antiga habitação diluíram-se, deixando transparecer um outro eixo de moradia, que nada mais era do que uma passagem pelo porão, escamoteada por tapumes improvisados.
A narrativa do rompimento da artista com a racionalidade das representações dominantes do espaço, durante a ação, após nomear as ruínas, refazendo paredes e cômodos da antiga casa, ocorre com o encontro e reconhecimento do labirinto, reinventado pelo morador de rua, DANILO ANTONIO, a verdadeira moradia ali existente.
Não se trata da cartografia de escombros, ou dos restos de uma cidade em transformação, mas
do mapa "psicoafetivo" de uma invenção incrustada na dobra do tecido urbano, alheia às interdições de margens e fronteiras.
“Casa”, de Luciana Mena Barreto apresenta uma instalação projetada como um espaço que irá transportar o visitante ao estado de suspensão da deriva, proporcionando-lhe um reconhecimento de terreno remoto, vivenciado nesse estado de afeto e dispersão próprio do extravio e dos encontros inesperados.
Andressa Cantergiani
(Brasil)
A artista multimidea e performer vive e trabalha em Porto Alegre. É formada em artes cênicas pela UFRGS/RS e mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP, onde realizou um projeto de performance, assunto no qual é pesquisadora desde 2005. Atualmente se interessa pelas linguagens da fotoperformance, videoperformance e ações ao vivo, onde aborda temas como desterritorialização, perda de indentidade, gênero, relação entre urbanismo, arquitetura e arte. Participou de algumas oficinas, conferências e e vivências importantes com diretores e cias de teatro, performance, cinema e fotografia tais como Thomas Leabheart , Marina Abramovic, Cristian Durvoort, Sergio de Carvalho, Fátima Toledo, Lucia Citterio, Ariane Mushkin, La pocha Nostra com Guillermo Gomez Peña e Escola Fluxo de Fotografia Expandida. Em 2014 realizou um curso de extensão na PUC/RS de curadoria, arte e educação e fundou a Galeria Península, galeria de arte contemporânea e espaço para experimentação artística.